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Dois Garotos Se Beijando - David Levithan

Informações Técnicos

Edição: 1
Editora: Galera Record
Ano: 2015

Páginas: 224
Sinopse: Baseado em fatos reais e em parte narrado por uma geração que morreu em decorrência da Aids, o livro segue os passos de Harry e Craig, dois jovens de 17 anos que estão prestes a participar de um desafio: 32 horas se beijando para figurar no Livro dos Recordes. Enquanto tentam cumprir sua meta — e quebrar alguns tabus —, os dois chamam a atenção de outros jovens que também precisam lidar com questões universais como amor, identidade e a sensação de pertencer. 


(...) A liberdade não é só uma questão de votar e casar e beijar na rua, embora todas essas coisas sejam importantes. A liberdade também é uma questão do que você vai se permitir fazer. (...)

Bem, Dois Garotos se beijando não conta a história apenas de dois garotos, mas sim de vários garotos com uma característica em comum e que passam por diversas situações. Tem Harry e Craig que já foram um casal, mas não são mais, e estão participando de um desafio. Eles pretendem ficar 32 horas se beijando, para entrar no Livro dos Recordes. Enquanto isso tem Neil e Peter que são um casal a dois anos, e vivem de forma feliz e normal, porém a família do Neil finge que Neil não é homossexual.

Tem também a história de Avery e Ryan que acabaram de se encontrar e estão se conhecendo. E por ultimo tem a história de Cooper, ele ainda não se assumiu e vive de trocar mensagens onlines com outros homens em sites de relacionamento. O pai de Cooper pega algumas dessas mensagens e não reage bem, fazendo com que Cooper fuja de casa. A história dele gira em torno da auto descoberta, da aceitação e das decisões que toma.


Tive poucos contatos com os livros do David, apenas com "Todo Dia", e esse é o primeiro livro completamente homo afetivo que leio dele. Além de ter histórias bem construídas e desenvolvidas, o que mais me atraiu nessa obra foi a escrita do Levithan. Os narradores são diversos "mortos" (não sei classificar melhor esses narradores, só acho que eles não estavam vivos) que provavelmente passaram por diversas provações quando vivos, o que me leva a crer que são narradores que são homossexuais, pois eles davam apoio por coisas que já passaram aos meninos, e isso é magnífico.

As histórias são bastante fluidas, e chegam a se conectar em algum momento. Entre as situações, a que eu achei mais comum foi a do Neil e Peter. Eles eram um casal, onde um dos pais fingia não saber sobre a opção sexual do filho, e tal. Pronto, só isso. Avery e Ryan estão se conhecendo, e em muitos momentos a história deles é o verdadeiro romance da obra inteira. A do Harry e Craig é toda a revolução da história: O beijo mais longo, a reação das famílias, a reação do público, e a força de vontade dos meninos durante o beijo é lindo. 

Há milhões de beijos para serem vistos, milhões de beijos a um clique de distância. Não estamos falando de sexo. Estamos falando de ver dois garotos que se amam se beijando. Isso tem muito mais poder do que o sexo. E mesmo se tornando lugar-comum, o poder ainda está presente. Todas as vezes que dois garotos se beijam, o mundo se abre um mais. Seu mundo. O mundo que deixamos. O mundo que deixamos para vocês.
Este é o poder de um beijo:
Ele não tem o poder de matar você. Mas tem o poder de trazer você à vida.

a única coisa que me incomodou nesse livro, foi o final aberto. David tem uma mania de deixar o final aberto para a pessoa ficar pensando no que vai acontecer, e POXA! Eu só queria saber o que vai acontecer com o Cooper. Eu só queria um final para esses meninos, diferente dos narradores. Fiquei muito fula da vida quando o livro acabou e ficou com essa interrogação GIGANTESCA na minha cabeça.



A diagramação está ótima, com uma capa minimalista (e eu sou contra esses rapazes desse jeito, preferia que fosse pontilhismo e tal. A boca deles ficou deformada.) e sem erros de concordância e tal, se tiver é porque não notei.

Muitas pessoas vão olhar para essa resenha e vão dizer: "Urgh! É um livro Gay!", ou não vão nem olhar devido ao título do post. Muitas pessoas vão olhar para a lombada desse livro, ou pra sua capa e não vão levar, pois está falando de Dois Garotos se Beijando. Mas digo a vocês que essa não é APENAS uma história de Dois Garotos Se Beijando, é a história sobre o amor. O amor entre duas pessoas do mesmo sexo, o amor entre o pai e um filho. É uma história sobre aceitação, descoberta e principalmente, uma história sobre O PRECONCEITO. E como ele mexe com a vida deles. Saber o sentimento dos garotos por serem ridicularizados por AMAR. E foi isso que eu mais gostei na obra. O fato dele nos mostrar que eles sofreram, sofrem e vão sofrer pelo simples fato da sociedade não aceitar o AMOR. E David quer tentar fazer com que isso acabe, mostrando que o amor move muita coisa.


É difícil parar de ver seu filho como seu filho e começar a vê-lo como ser humano.
É difícil parar de ver seus pais como pais e começar a vê-los como seres humanos.
É uma transição bilateral, e pouquíssimas pessoas conseguem fazê-la com tranquilidade.

Resenha já publicada no Fun's Hunter.

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